Quinta-feira das Comadres / Quinta-feira
dos Compadres
Na quinta-feira das Comadres(última quinta antes do carnaval) juntavam-se as raparigas em casa de uma delas e
procediam a um jogo ou sorteio de nomes. Para isso colocavam a um lado
papelinhos com o nome das raparigas e a outro os nomes de rapazes e
retiravam-nos alternadamente para formar o par comadre/compadre, outra maneira
de adquirir esse grau de parentesco já que ontem, como hoje, era vulgar passar a
usar esta forma de tratamento, depois de um casamento, pelos pais e padrinhos
dos noivos ou pelos pais e padrinhos das crianças que se baptizavam. No caso da
celebração em apreço a relação de parentesco adquirida, e de acordo com as
regras do jogo, duraria apenas até ao ano seguinte.
Cozinha Técnica: 3.ª dimensão Local: PEV (Projeto Escola Viva dos Vales de Cardigos Mestra: Cristina Mendes Aprendiz: Gracinda Tavares Dias Data: 2012 |
Todavia um acto
aparentemente tão simples, como um sorteio do qual resultaria uma relação de
parentesco meramente casual e que se previa de tão curta duração, fazia, no
entanto, parte de um cerimonial carregado de muita simbologia já que a referida
relação poderia ser tomada como um compadrio especial, "ideia difusa de
comprometimento amoroso" um prenúncio de relação amorosa ou "augúrio de
noivado". Em meu entender, nalgumas situações, funcionava muitas vezes como um
jogo de sedução despoletado pela rapariga para sugerir veladamente ao eleito do
seu coração a paixão que por ele sentia e que não era de bom tom manifestar
abertamente.
Mas, neste caso, a arte estava em conseguir juntar os papéis sem suscitar a desconfiança das restantes elementos do grupo, nem que para isso se tivesse de "dar o jeito", contando-se para tanto com a ajuda e/ou a protecção de uma amiga de confiança, depositária de confidências amorosas, que se comprometera a dar um empurrão à sorte ou ainda, in extremis, à conivência de outras raparigas, sendo suposto pensar que as dificuldades aumentariam, caso um dos rapazes fosse o alvo amoroso de mais do que uma delas. Embora de uma forma discreta havia que fazer tudo por tudo para se obter essa ligação, à qual estava subjacente a tal relação amorosa.
Em Quinta-feira de Compadres segundo uns ou durante a semana que mediava entre as duas quintas-feiras, no entender de outros, havia que entregar o papelinho ao compadre, devendo este oferecer as amêndoas à respectiva comadre, em dia de Passos, variando a embalagem de acordo com as posses , podendo ir do simples pacote a uma bela caixa de música, de madeira, em forma de baú e forrada a cetim cor-de-rosa, contendo umas preciosas amêndoas de licor de variadas formas que faziam crescer água na boca da meninada da família. Por sua vez, em dia de Páscoa, a comadre deveria retribuir a delicadeza oferecendo um folar (bolo) que, mais tarde, foi sendo substituído por uma gravata, uma camisa ou outra qualquer prenda.
Caso o compadrio se transformasse em namoro, o par ficaria "logicamente" excluído do sorteio do ano seguinte. Mas o pacto estava selado e, pelo menos enquanto o namoro durasse, não deixariam de continuar a trocar as referidas prendas entre si, podendo concluir-se que, mesmo sem a Comemoração do Dia de S.Valentim, já os namorados tinham uma data fixa para trocarem presentes.
Concluindo: a celebração da Quinta-feira das Comadres é também uma festa exclusiva do grupo mulheres, da qual embora não ressaltando propriamente oposição, não deixa de se notar uma certa coesão do grupo com vista a atingir determinados fins.
A festa terminaria com uma merenda onde entraria a chouriça com ovos e uma chazada, sendo, principalmente, mais um motivo para um alegre convívio.
Mesmo não estando subjacente, na maior parte dos casos, qualquer intenção muitas são as amêndoas que se continuam a consumir no Domingo de Passos, recebidas ou compradas durante a semana anterior nos comércios da vila ou, já no próprio dia, nas Amendoeiras que instalam as suas vendas à porta da Igreja e no Calvário. E este breve apontamento poderá explicar aos mais novos o porquê deste facto, podendo ajudar, ainda, a tornar significativo o dar ou receber amêndoas em Dia de Páscoa.
Mas, neste caso, a arte estava em conseguir juntar os papéis sem suscitar a desconfiança das restantes elementos do grupo, nem que para isso se tivesse de "dar o jeito", contando-se para tanto com a ajuda e/ou a protecção de uma amiga de confiança, depositária de confidências amorosas, que se comprometera a dar um empurrão à sorte ou ainda, in extremis, à conivência de outras raparigas, sendo suposto pensar que as dificuldades aumentariam, caso um dos rapazes fosse o alvo amoroso de mais do que uma delas. Embora de uma forma discreta havia que fazer tudo por tudo para se obter essa ligação, à qual estava subjacente a tal relação amorosa.
Em Quinta-feira de Compadres segundo uns ou durante a semana que mediava entre as duas quintas-feiras, no entender de outros, havia que entregar o papelinho ao compadre, devendo este oferecer as amêndoas à respectiva comadre, em dia de Passos, variando a embalagem de acordo com as posses , podendo ir do simples pacote a uma bela caixa de música, de madeira, em forma de baú e forrada a cetim cor-de-rosa, contendo umas preciosas amêndoas de licor de variadas formas que faziam crescer água na boca da meninada da família. Por sua vez, em dia de Páscoa, a comadre deveria retribuir a delicadeza oferecendo um folar (bolo) que, mais tarde, foi sendo substituído por uma gravata, uma camisa ou outra qualquer prenda.
Caso o compadrio se transformasse em namoro, o par ficaria "logicamente" excluído do sorteio do ano seguinte. Mas o pacto estava selado e, pelo menos enquanto o namoro durasse, não deixariam de continuar a trocar as referidas prendas entre si, podendo concluir-se que, mesmo sem a Comemoração do Dia de S.Valentim, já os namorados tinham uma data fixa para trocarem presentes.
Concluindo: a celebração da Quinta-feira das Comadres é também uma festa exclusiva do grupo mulheres, da qual embora não ressaltando propriamente oposição, não deixa de se notar uma certa coesão do grupo com vista a atingir determinados fins.
A festa terminaria com uma merenda onde entraria a chouriça com ovos e uma chazada, sendo, principalmente, mais um motivo para um alegre convívio.
Mesmo não estando subjacente, na maior parte dos casos, qualquer intenção muitas são as amêndoas que se continuam a consumir no Domingo de Passos, recebidas ou compradas durante a semana anterior nos comércios da vila ou, já no próprio dia, nas Amendoeiras que instalam as suas vendas à porta da Igreja e no Calvário. E este breve apontamento poderá explicar aos mais novos o porquê deste facto, podendo ajudar, ainda, a tornar significativo o dar ou receber amêndoas em Dia de Páscoa.
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