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sábado, 5 de fevereiro de 2022

AGRICULTURA DE ANTIGAMENTE


Como era antigamente na agricultura 

Hoje vou de carro à Carvalha. Quem pensaria isto há um século atrás? Pelo caminho ainda vou vendo umas calçadas feitas com pedra seca, onde em tempos passados havia bonitas oliveiras. Antes de chegar à Carvalha, mais umas calçadas com oliveiras, hoje desprezadas. Já cheguei à minha horta que quase não conheço, e para não ver as hortas do lado de lá da Ribeira cheias de silvas, fecho os olhos e abro a arca das minhas recordações. Já vejo as hortas cheias de milho, abóboras, feijão, beterrabas, as gilas a subirem pelas ladeiras acima, a picota, cinco oliveiras grandes com 200 ou mais anos, as figueiras carregadas de figos, o canto dos passarinhos, o gaio a espreitar o milho, o galego, o ferreiro e as gordinhas flosas a estudar a maneira de chegar à agúdia sem cair na armadilha. Ouço o barulho das pessoas vindo de todos os lados. os cânticos. Tudo isto parece um jardim. Vou à ribeira acima, moinho de pedra alveira, o moinho de pedra de milho, o açude da Carvalha, onde as mulheres da Chaveirinha vêm lavar as mantas ou pôr linho de molho. Vejo olivais centenários. No Porto os milheirais, onde cada pessoa procura ter o milho mais alto e mais forte, o andar das noras e já alguns motores, a velhinha ponte que atravessa a Ribeira. Ao lagar para cima continuam as hortas mimosas, os moinhos que trabalham 24 horas por dia, enquanto há água na ribeira. Ao chegar aos Portos Negros vou ao Pereiro acima, onde vou lavar a roupa no Verão, onde está a ponte de pedra. Voltando à ribeira do Bostelim continuo a ver as hortas cheias de milho. Qualquer pedaço de terra é cultivado. Vejo o moinho dos Matas, onde muitas pessoas vêm moer em troca de maquia. Isto para quem não tem quinhão noutros moínhos. Passo pela Costa Alta, Várzea Redonda, Horta Nova, Canadinha, o mesmo cenário de milho e oliveiras, um regalo para a vista. Chegada ao Vale Feito, o milho já vai estando maduro, está a ser apanhado. Aproveito para cortar um troço de milho alto, uns camisos mais fortes para fazer um moinho. Que bonito passeio, onde encontrei paredes que são verdadeiras obras de arte. Se cada pedra pudesse contar a sua história, quanto nos diria! Está na hora de abrir os olhos e voltar à realidade. Ia às Barreirinhas acima pensando naquilo que eu ouvi dizer há muitos anos que a nossa vida é como a sombra que passa, mas, pelo menos a ribeira ficará e continuará a cumprir a sua função Saibamos nós transmitir aos mais novos estes valores.

Créditos de:

Maria da Soledade Batalha

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