O TRABALHO DO MILHO NA MINHA ALDEIA
Antigamente, os aldeãos cultivavam o milho nas hortas,
Era um trabalho muito árduo, desde a preparação do terreno, sementeira, rega, com processos rudimentares, como seja o uso de uma picota para tirar água com um balde que levavam ao poço e puxavam para um reservatório, a fim de a encaminhar para o terreno, onde o milhareiro a recebia, com alegria para não morrer de secura.
Seguiu - se o processo da nora, que era um engenho puxado, normalmente, por um burro, andando à volta da nora para puxar água do poço, através de alcatruzes, que encaminham a água para a rega do milho, através de regos, que têm que ser calcados para a água não se perder.
Eu e o meu irmão, em tempo de férias, Agosto, descalços, fazíamos esse trabalho, de que muito gostávamos.
faziam - se tranços nos regos, na horizontal e, dos tranços, a água ia para leiras.
Agora o pouco milho que ainda se cultiva é regado com mangueira ou mesmo só esperando a água da chuva.
Claro que já existem as regas artificiais que facilitaram muito o trabalho de outros tempos.
Quando o milho ainda não estava bem maduro tirávamos algumas maçarocas para grelhar e comer com manteiga.
Quando já estava maduro tirava-se a extremidade, chamada bandeira, que se utilizava para feno dos animais,
A seguir apanhavam - se as espigas do milho e levavam - se para as eiras, fazendo um monte, colocando na base, escondidas, melancias.
Aos serões juntavam-se as pessoas da aldeia para ajudarem a desfolhar as espigas do milho, tirando as folhas ou camisa.
Era uma alegria neste trabalho de convívio, cantando e conversando.
Sempre que saía uma espiga de milho preto, os rapazes iam dar abraços às meninas do grupo.
Ao acabarem o trabalho comiam-se as melancias, continuando o convívio.
Nos outros dias íamos para outras desfolhadas de outros vizinhos.
As espigas de milho, depois, eram malhadas, na eira, com moeiras ou manguais, pelos homens e as mulheres cozinhavam para todos.
Mais tarde quando as folhas do milho estavam bem secas, cortavam-se às tirinhas para pôr, no enchimento dos colchões. Também se utilizavam para alimentar os animais.
Os grãos do milho eram levados para moinhos, movidos a vento ou a água, afim de serem moídos e transformados em farinha para o pão ou papas.
Os moinhos na ribeira eram comunitários e cada um moía de sua vez.
Os fornos onde se cozia o pão eram também comunitários, cozendo cada um de sua vez. se, entretanto acabasse o pão pediam um emprestado a quem acabasse de cozer e depois devolvia.
Nunca esquecerei esta minha memória de belos tempos, na minha aldeia que é Chaveira de Cardigos, Mação, Santarém.
Gracinda Tavares Dias
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