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quarta-feira, 8 de novembro de 2023

ANALFABETISMO

Antigamente nas nossas aldeias não eram muitas as pessoas que sabiam ler e escrever Embora já por volta de 1800 e até antes se encontrassem nas certidões de batismo, assinaturas de pessoas, principalmente homens destas aldeias. Durante a vida, fui ouvindo falar nestes assuntos. Como não havia escola, nestas aldeias de Chaveira, Chaveirinha e São Bento, alguns pais mandaram os filhos aprender a ler, escrever e contar noutras terras. Por volta do princípio do século XX, dois alunos da Chaveira e dois da Chaveirinha foram aprender a ler às Cimadas. Houve ainda um aluno da Chaveira Uma senhora da Chaveirinha dizia que em pouco mais de um mês aprendeu a ler e a escrever. Ensinou-a um senhor seu vizinho Em São Bento, como sabemos, havia o padre Silva Tavares, grande mestre, Eu ouvia falar num senhor que foi para Espanha e de lá para o Brasil e um senhor missionário que esteve na China. Ainda tive a sorte de o conhecer. Pessoas cultas, onde terão começado a aprender as primeiras letras? Era interessante que alguém com capacidade e vontade, angariasse estas informações para conhecimento futuro. Houve ainda um aluno da Chaveira, que foi à escola ao Freixoeiro. Ficava lá toda a semana. Deois pensaram em fazer uma escola. Havia pessoas de São Bento que diziam que a escola devia ser feita no Vale daS Portelas, para ficar mais perto de todos os alunosQuando o meu filho Acabou por ser feita na Chaveira, onde se encontra hoje. Penso que se encontrará lá um livro com informações importantes. Começaram a vir à escola quase só rapazes. Os pais achavam que só eles precisavam de saber ler e escrever. Ainda houve uma altura, pelos anos 50, por iniciativa da professora, aulas à noite, à luz dos antigos candeeiros de petróleo. Muitas raparigas foram aprender e foram a Mação fazer o exame da terceira classe. Para muitas deu muito jeito, para escreverem ao namorado. Alguns rapazes aprenderam as letras na tropa. Não sei em que ano começou a funcionar a escola. Mas ouvi esta expressão a uma senhora da Chaveirinha: "Quando o meu filho mais velho foi para a escola, j+a punha a navalha na cara. Dá para entender." Depois começou a ser obrigatório a ida à escola, de alunos e alunas das três aldeias. Eeram muitos. O pior foi sempre para os alunosque vinham de mais longe, os de São Bento que terão muitos episódios para contar. Mesmo assim, isso não impediu que dos alunos que passaram por esta escola, fizessem cursos superiores e que muitos em Portugal, na Europa, na África ou na Am+erica fossem pessoas de grande iniciativa. Hoje a escola é um lugar onde se encontram senhoras para partilhar saberes, , trabalhos manuais e de lazer. Está muito bem aproveitada. Também agora têm sido aí realizadas aulas do clube sénior do Município de Mação todas as quartas de tarde, em parceria com o projeto escola de artes da escola. tem sido muito gratificante. Assim a escola não ficou ao abandono, desde 2004, altura em que deixou de haver alunos do primeiro ciclo do ensino básico.

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