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terça-feira, 7 de novembro de 2023

APANHA DA AZEITONA TRADIÇÃO E MODERNIDADE




Numa ida à terra para ver como estava a azeitona, verifiquei que uma j+a dá para ir apanhando e a outra ainda está verde. Veio-me à memória os tempos passados. Logo que nos levantávamos já estava em cima da mesa a réstia com a caçola das papas ou couves quentes com pão ou nabos refogados. Tínhamos que sair com a barriguinha composta. Ao meio dia comia-se pão com azeitonas, cebola crua, queijo, umas sardinhas assadas embrulhadas numa folha de couve. Nos ranchos maiores, uma tigela de broas com azeite, sardinhas, azeitonas, broa, não esquecendo os garfos de ferro para molhar as sopas no azeite. Era comer e andar e desembaraçar os queixos para não perder tempo. Na volta que demos para ver as oliveiras (agora de carro), passámos por alguns olivais novos, bem tratados, mas já não de vêem aquelas oliveiras grandes como as do Covão, dos Casaletes, uma no Vale da Carreira em que o dono dizia com muito orgulho " já deu sete sacas com folha", Uma grande parte delas ardeu, outras cortaram-nas para ficarem mais baixas. Quem é que havia, agora para apanhar a azeitona nas varandas de gaios? Nos casais mais abastados havia os ranchos de rapazes e raparigas. Quase sempre os rapazes começavam a cantar ao desafio com as raparigas que andavam no chão a apanhar a azeitona. Cantei uma, cantei duas, com esta já são as três, canta lá tu ó menina, é agora a tua vez. Já que me pedes que cante, vou-te fazer a vontade, eu não sei que gosto tens de ouvir cantar quem não sabe. E, assim, continuava por algum tempo o desafio. Era um tempo de muita alegria. No fim da apanha, faziam-se as filhós em que as raparigas punham linho no meio antes de as fritar para os rapazes, mas, às vezes, calhavam às raparigas. Hoje, já só se ouvem asmáquinas a derrubar a azeitona, mas o azeite continua muito bom. Que corra tudo bem nesta apanha para fazermos uma boa tiborna.

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